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Reflexões úteis sobre gestão e liderança

Como viver com 24 horas por dia

Certamente o título lhe chamou a atenção devido à obviedade (um dia tem a duração universal de 24 horas) e à dificuldade de fazê-lo. Contradição e tanto esta de ter 24 horas, inexoravelmente viver essas 24 horas, mas ter a sensação de que se a duração do dia dilatasse só um pouquinho, ia ajudar (e muito) a perceber um dia mais produtivo, fazendo caber nele mais esta ou aquela atividade, não é mesmo?

Longe de estar totalmente em dia com as 24 horas que disponho (já entendo que mais vale a priorização de ações do que a completude das possibilidades de atividades), venho aqui compartilhar pontos importantes do livro cujo título nomeou este post.

Arnold Bennett, em seu livreto Como viver com 24 horas por dia, envolve-nos em uma narrativa simples, fluida, cômica e envolvente para sugerir como fazer bom uso dessa quantia de tempo que se renova a cada manhã e se esgota a cada noite. Qualquer semelhança com o tempo de nascer e de morrer não é mera coincidência!

Sim, apropriar-se da verdadeira e implacável certeza de que um dia morreremos todos é um passo importante para fazer um uso mais apropriado de cada pedacinho de tempo de que dispomos diariamente.

O livro foi escrito no início do século XX, quando certamente havia um tipo de rotina diferente do que temos atualmente neste terceiro milênio, inundado por telas, redes sociais e entretenimento cibernético. Mas nós humanos pouco mudamos em nossa essência e como espécie nesse meio tempo, então o conteúdo que esta obra traz é, sem dúvida atual e útil.

Em suas 86 páginas, Bennett fala em seus doze capítulos sobre o milagre diário, o desejo de ir além da rotina, precauções entes de começar (a mudar sua rotina de uso do tempo), a causa dos problemas, o tênis e a alma imortal, relembrando a natureza humana, controlando a mente, a disposição reflexiva, o interesse nas artes, nada na vida é enfadonho, leitura séria e os perigos a evitar.

O que se segue são os pontos que mais me saltaram aos olhos na leitura desse livro:

  • O autor sugere de modo não sutil algo que se opõe a uma temática bem explorada atualmente: a duração do sono. Resgata frase de um médico que consultou à época: “a maioria das pessoas torna-se estúpida de tanto dormir”… Nove em cada dez pessoas teriam mais saúde e mais alegria em relação à vida se passassem menos tempo na cama. Fundamentalmente, trata-se de acordar mais cedo (uma hora ou 1 hora e meia) e, quando necessário recolher-se também mais cedo.
  • Com tempo, tudo é possível; sem ele, nada o é – o suprimento de tempo é um verdadeiro milagre diário.
  • É necessário viver nessas vinte e quatro horas de tempo diário. Delas, é preciso extrair saúde, prazer, dinheiro, contentamento, respeito e evolução da sua alma imortal.
  • Nunca teremos mais tempo. Nós temos, e sempre tivemos, todo o tempo que há.
  • É importante darmos atenção à nossa consciência e as ideias fixas que sempre (re)aparecem. Por mais que o desejo de fazer algo (ir à Meca, por exemplo), possa acabar em frustração – a aspiração desiludida pode perturbar para sempre. Mas não será atormentado da mesma maneira que a pessoa que, querendo fazer algo (ir à Meca), perseguido pelo desejo de fazê-lo (ir à Meca), jamais ultrapassa as fronteiras de sua cidade. Deixar sua cidade já é algo, a maioria de nós nunca sai de sua cidade (nem começa a realizar um objetivo). Pior do que se frustrar tentando realizar algo é nem começar a fazê-lo.
  • Se analisarmos mais a fundo a nossa vaga e desconfortável aspiração, devemos, crê o autor, ver que ela surge de uma ideia fixa de que precisamos fazer algo além daquelas coisas às quais somos obrigados por um senso de lealdade e de moralidade.
  • O desejo de cumprir algo além da ordem do dia é comum a todos os homens que tenham passado de um certo nível no curso da evolução. Até que seja feto um esforço para satisfazer esse desejo, continuará perturbando-nos a paz de espírito. A esse desejo foram atribuídos muitos nomes. É uma das formas do desejo universal por conhecimento.
  • O desejo de viver, segundo Bennett, passa pela curiosidade intelectual e pelo aumento de conhecimento, fundamentados na sede de melhorar a si mesmo.
  • Você jamais terá “mais tempo”, visto que já tem todo o tempo que há.
  • Preceito moderador: a maioria das pessoas que está arruinada arruinou-se por tentar coisas demais (seja comedido e sábio nas escolhas que faz em seu dia).
  • O grande erro que nosso homem típico comete quanto ao seu dia é um erro de postura, erro este que vicia e que enfraquece dois terços de suas energias e de seus interesses. A de enxergar as horas entre as dez e as dezoito como “o dia”, em relação ao qual as dez horas precedentes e as seis horas seguintes não são senão um prólogo e um epílogo. Tal atitude, por mais inconsciente que seja, certamente mata o interesse do homem nas dezesseis horas restantes, de modo que, ainda que não sejam desperdiçadas, não são por ele contadas; ele as enxerga meramente como margens. Se um homem dispõe dois terços de sua experiência como subservientes a um terço dela – um terço, aliás, pelo qual ele assumidamente não possui o menor dos entusiasmos -, como esperar que ele viva por inteiro e por completo? Não conseguirá.
  • Se o nosso homem comum deseja viver inteiramente e completamente, deve, em sua cabeça, organizar um dia dentro de um dia. E esse dia interior deve começar às 18h e terminar às 10h (por exemplo – o autor quer falar aqui das horas do dia fora do trabalho/emprego). É um dia de dezesseis horas; e, durante essas dezesseis horas, ele não tem nada a fazer a não ser cultivar o corpo, a alma e a amizade com seus companheiros.
  • As faculdades mentais podem ser aplicadas em constantes atividades complexas; não se cansam como um braço ou como uma perna. Tudo o que elas querem é mudança – e não descanso, exceto no sono.
  • Quando se tem algo definido pelo que esperar ao anoitecer – algo em que empregar toda a sua energia -, pensar nesse objetivo empresta um brilho e uma vitalidade mais intensa ao dia todo.
  • O controle mental é o primeiro elemento de uma existência completa.
  • Não há a possibilidade de você fracassar se perseverar.
  • O principal conteúdo que deve consistir o tempo de 30 a 60 minutos por dia é no estudo de si mesmo.
  • A felicidade não brota da obtenção de prazeres mentais ou físicos, mas do desenvolvimento da razão e da adequação entre conduta e princípios.
  • Somos muito mais instintivos do que razoáveis. E quanto menos refletirmos, menos razoáveis seremos.
  • Nenhuma leitura de livros substituirá o honesto exame diário das ações recentes e das ações pretendidas – o exame de um olhar firme para a própria face (por mais desconfortável que seja esta visão).
  • Nada é enfadonho para um bom observador.
  • A mais importante de todas as percepções é a percepção contínua de causa e efeito – a percepção do desenvolvimento contínuo do universo, dos rumos da evolução.
  • Todo o campo do hábito diário e das cenas cotidianas está disponível para satisfazer aquela curiosidade que é a própria vida, cuja satisfação revela um coração compreensivo.
  • No cultivo da mente, um dos fatores mais importantes é precisamente a sensação de esforço, de dificuldade, de uma tarefa que uma parte de você está ansiosa para cumprir e a outra parte para abandonar.
  • A grande conveniência das obras-primas é que elas são assombrosamente lúcidas.
  • Obtém-se muito prazer na especialização.
  • A menos que você conceda pelo menos quarenta e cinco minutos à reflexão cuidadosa e exaustiva (é algo terrivelmente cansativo no início) sobre o que está lendo, os seus noventa minutos noturnos terão sido desperdiçados. Isso significa que o seu ritmo deverá ser lento.
  • Lembramos que que o nosso tempo, e não o dos outros, é o material com que devemos lidar.
  • Sua programação não pode ditar a sua vida. Ela deve ser respeitada, e não adorada como um fetiche.
  • Por outro lado, um cronograma é um cronograma. E a não ser que seja tratado com deferência, não passará de uma piada de mau gosto.
  • Deixe que o ritmo do primeiro passo seja absurdamente vagaroso, mas transforme-o no mais regular possível.
  • É imenso o ganho em autoconfiança pelo cumprimento de um empreendimento cansativo.

E então, reflexões e insights interessantes para rever a rotina e ajustá-la, não é mesmo?

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